sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Depressão Infantil

A depressão é uma doença que atinge 15% da população adulta brasileira, 5% dos adolescentes e varia de 1% a 2% nas crianças. O problema preocupa os médicos pois, muitas vezes, pode acabar em morte.


Foi a partir dos anos 70 que os pesquisadores começaram a apontar a depressão infantil e, nos pequenos, os sintomas nem sempre são claros, já que eles não têm a mesma capacidade de expressão dos adultos.

Muitas vezes é a falta de atenção o gatilho que detona este sentimento de imensa tristeza, em tempos que pais ficam fora de casa grande parte do dia e, quando chegam, muitas vezes o cansaço dificulta a devida aproximação e os momentos dedicados aos filhos.

Gibsi Rocha, especialista em criança e adolescência e chefe do Ambulatório de Psiquiatria do Hospital São Lucas da PUC RS, nota que as queixas de depressão na infância estão cada vez mais frequentes, e que os motivos estão relacionados a uma pressão pelo melhor desempenho, famílias desestruturadas e exposição à violência e ao sexo na televisão. O encurtamento da infância é outro fator de risco,  com meninas de unhas pintadas e maquiadas desde pequenas, exibicionismo exagerado nas redes sociais, e em danças sensualizadas.
" Tudo isso as deixa mais ansiosas e mais vulneráveis à depressão, pois elas não têm estrutura para lidar com coisas que ainda não estão prontas para entender", afirma Gibsi.

Médicos recomendam que os pais fiquem atentos a mudanças bruscas, que persistam por mais de duas semanas, na forma como os filhos se relacionam com os familiares e amigos, no comportamento de forma geral, se começam a ir mal na escola de uma hora para a outra, se estão manifestando agressividade ou  fechadas demais.

A criança sente que algo está diferente, mas não compreende que está doente. E, se os pais ignoram o fato, tendem a se acostumar com os sintomas e passam a acreditar que esse é o jeito delas.
Fatores genéticos e ambientais podem contribuir para o desenvolvimento da depressão precoce. A chance de que os filhos sejam depressivos é quatro vezes maior quando os pais também sofrem da doença.

Os sintomas da depressão infantil variam de acordo com a faixa etária:

* Em qualquer idade: isolamento, tristeza, choro excessivo, problemas com sono, dores de cabeça insistentes, obesidade ou falta de apetite, mudanças bruscas de comportamento.

* De 0 a 6 anos: geralmente as reações estão relacionadas ao abandono ou abuso, falta de amigos e coordenação motora atrasada. Não se sabe ao certo se a depressão pode atingir os bebês, mas alguns estudos falam em sintomas como rosto sem expressão, falta de apetite, dificuldade para adquirir peso, rejeição ao contato humano, falta de choro ou excesso, atraso no desenvolvimento da linguagem.

* De 7 a 13 anos: perda de interesse por atividades que gostava, alegação de tristeza, reclamação de dores (barriga, cabeça, enjoo), choro, irritabilidade, cansaço, baixa autoestima, baixo rendimento escolar.

 * De 14 a 18 anos: alteração de humor, ansiedade, agressividade, relacionamento social distante, sentimento de culpa, falta de apetite, dificuldade de concentração, medo, insegurança, sentimento de fracasso, uso de drogas ou álcool.



Como tratar?

* Em crianças pequenas, com dificuldade em verbalizar o sofrimento, são utilizadas abordagens lúdicas, com brinquedos, desenhos e histórias. Nos adolescentes é usada terapia verbal.

* Os pais devem se envolver com o tratamento de maneira atenta e direta, evitando o preconceito e a culpa. Devem evitar insistir para que a criança fique, bem pois a pressão e a sobrecarga, nesses casos, não ajuda em nada.

* Remédios são usados por um período entre seis meses e um ano, mas a prioridade é tentar o tratamento psicoterápico.

* Dosar o excesso de cobrança e o perfeccionismo no processo de ensino. Crianças que crescem em ambientes de muita cobrança e pouca recompensa estão mais sujeitas a sentirem-se deprimidas.


Fonte: Vida e Estilo/ Zero Hora
 

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