Wabi Sabi é um termo quase intraduzível e cujo conceito vem lá do século XV.
É uma expressão que os japoneses criaram para definir a beleza das coisas imperfeitas e incompletas, é um jeito de lidar com as coisas de uma maneira simples, natural e de aceitação da realidade.
A filosofia Wabi Sabi tem tudo a ver com a sabedoria budista, que ensina que todas as coisas são impermanentes, imperfeitas e incompletas.
Reza a lenda que um jovem chamado Sen no Rikyu queria aprender os rituais da Cerimônia do Chá e, para isso, foi procurar o mestre Takeno Joo. Para testar o rapaz, o mestre mandou que ele fosse varrer o jardim. Varreu tudinho, até que não tivesse nenhuma folha caída, tudo limpinho e impecável. Mas, antes de apresentar sua tarefa ao mestre, sacudiu uma cerejeira e fez caírem flores que se espalharam pelo chão. Mestre Joo ficou impressionado e admitiu o jovem no seu mosteiro, onde Rikyu transformou-se num grande Mestre do Chá e, desde então, é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito Wabi Sabi, a arte da imperfeição.
O livro The Art of Imperfection, de Véronique Vienne, fala das formas de perceber a beleza escondida nas frestas desse mundo perfeito que tentamos construir pra nós, mas sempre em vão. Sugere o livro:
"Perdoe a si mesmo. Você não precisa ser perfeito para ser um ser humano bem-sucedido. De fato, com mais frequência do que imaginamos, o desejo de acertar impede as coisas de melhorarem e a necessidade de estar no controle aumenta a desordem e o caos".
Baseado na ideia de (re)descobrir a beleza no que é imperfeito e de que a vida está sempre em mutação e sofrendo a ação do tempo, isso se reflete na forma como as pessoas estão se relacionando com o próprio lar. O 'sentir' a nossa casa, com seus desgastes naturais e marcas do tempo, querendo sim ter objetos e móveis 'tendências' mas, muito além disso, como sendo um local onde a gente se reconheça. Relaxe, as coisas não precisam estar sempre impecáveis.
A Laura Sugimoto, que comando o Wabi Sabi Ateliê, cria peças que ajudam a trazer essa mensagem de simplicidade e bem-estar na decoração dos ambientes.
Segundo ela, nada de seguir o que é certo ou errado, pois a ideia é justamente valorizar os sentimentos, criar o local de refúgio e acolhimento para compensar a nossa vida tão agitada.
" Acredito que é uma conexão com as nossas raízes, que pode ser trazida através de objetos artesanais, texturas naturais, antiguidades de família, peças encontradas em viagens, plantas e iluminação natural. Os objetos contam a história de quem vive ali, assim a casa vira um lugar com alma. Você se vê cercado exatamente daquilo é essencial, de momentos puros e do que traz verdadeira felicidade."
Daí também o valor do artesanal, do que é feito pela mão humana, com formas irregulares mas que refletem a história de quem fez aquele objeto.
Da mesma forma, uma peça esculpida pela ação do tempo torna-se absoluta e exclusiva - valorize aquela cadeira cujo tecido foi descolorido pelo sol, o paninho de crochê feito pela vó, a porcelana manchada por tantos cafés ...
Como disse Thomas Moore, "a perfeição pertence a um mundo imaginário", e a busca pelo perfeccionismo é estressante demais.
Que tal então deixarmos as neuras um pouco de lado e tentar abrir as portas para um estilo de vida mais Wabi Sabi?
Fontes: Adilia Belotti (site Árvore do Bem), revista Glamour (Editora Globo).
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