terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Felicidade segundo a Ciência

Ah, a Felicidade ... tanto já falamos dela neste espaço ... e mais ainda na oficina " A Arte da Felicidade"  (ler aqui), ministrada pelo psicólogo Alexandre Wieth, aqui da Êxito Consultoria.
A busca da felicidade parece ser uma epidemia mundial e é assunto inesgotável.

Em um estudo com mais de 10 mil participantes de 48 países, os psicólogos Ed Diener (Universidade de Illinois) e Shigehiro Oishi (Universidade da Virginia) descobriram que as pessoas consideram a felicidade mais importante do que outras realizações altamente desejáveis, como ter um objetivo na vida, ser rico, etc.
A busca da felicidade é estimulada, em parte, pelo crescente número de pesquisas que sugerem que, além de ser boa, a felicidade também faz bem, ligada a benefícios como melhores salários, fortalecimento no sistema imunológico e até ao estímulo à criatividade. A maioria das pessoas entende que a felicidade é caracterizada como uma sensação de paz e de contentamento.



Não importa como seja definida, a felicidade é parcialmente emocional e, por isso, cada indivíduo tem um ponto de regulação, definido pela bagagem genética e pela  personalidade. Vai além da emoção e é uma sensação que também inclui reflexões cognitivas. Somente parte dessa sensação tem a ver com o que você sente, o resto é produto de um cálculo mental onde se projetam ideias, expectativas, e outros fatores. Assim, a felicidade é um estado mental que pode ser intencional e estratégico.

Seus hábitos diários e suas escolhas podem influenciar seu bem-estar. Os hábitos de pessoas felizes foram documentados em estudos recentes e, aparentemente (e paradoxalmente, diga-se de passagem), atividades que causam incerteza, desconforto e até culpa estão associadas às experiências mais memoráveis e divertidas das vidas das pessoas. Ao que parece, as pessoas mais felizes têm vários hábitos não-intuitivos que poderiam ser considerados como infelizes - a felicidade pode vir de onde menos se esperava.



Como?

* O importante é correr riscos:
Situações complicadas, incertas e desgastantes são fundamentais para aumentar nossa sensação de satisfação. Por exemplo: comer pizza pode ser certeza de satisfação, mas se optar por algum tipo de comida que nunca experimentou, pode não gostar ou então se surpreender com um novo e delicioso sabor. Pessoas felizes aparentam saber intuitivamente que a felicidade não é apenas fazer aquilo de que gostamos, exige crescimento pessoal e se aventurar além dos limites da sua zona de conforto. Pessoas curiosas, em geral, entendem que, apesar de não ser fácil se sentir desconfortável e vulnerável, este é o caminho para se tornar mais forte e sábio. Um estudo de 2007, dos psicólogos Todd Kashdan e Michael Steger (ambos do Colorado), sugere que pessoas curiosas investem em atividades que lhes causam desconforto, pois estas atuam como trampolim para estados psicológicos mais elevados. É certo que aumenta o grau de satisfação fazer o que nos faz bem. Mas, de vez em quando, vale a pena buscar uma nova experiência, mais complicada e até desgastante. As pessoas mais felizes optam por ambos os caminhos e, assim, se beneficiam duplamente.

* Detalhes tão pequenos:
Pessoas mais felizes não são minuciosas e têm uma proteção emocional natural contra o desgaste dos pequenos detalhes. Dizem por aí que pessoas felizes não são realistas, pois não levam em conta os perigos e os problemas do mundo. Pessoas satisfeitas tendem a ser menos analíticas e atentas a detalhes.
Estudo feito pelo psicólogo Joseph Forgas (Universidade de New South Wales), constatou que pessoas com uma predisposição a serem felizes/positivas são menos céticas do que as outras, são menos críticas e mais receptivas com estranhos, e isso as torna mais suscetíveis a mentiras e golpes. Claro, ficar de olho nos detalhes pode ajudar quando se trata de observar o complexo universo social - e é algo que pessoas menos alegres tendem a fazer. O psicólogo Paul Andrews (Universidade Virginia Commonwealth) argumenta que a depressão é uma questão de adaptação. Pessoas depressivas tendem a refletir e processar mais suas experiências do que as outras, têm mais insights sobre si mesmo ou sobre a condição humana, mas pagam um preço emocional por isso. Um pouco de atenção aos detalhes ajuda a avaliar o universo social de maneira mais realista.
No entanto, muita atenção aos detalhes pode interferir no nosso funcionamento cotidiano. É o que confirma pesquisas da psicóloga Kat Harkness (Queen's University), que mostram que as pessoas deprimidas tendem a notar mudanças nas expressões faciais dos outros a cada minuto. Já as pessoas felizes tendem a ignorar tais mudanças repentinas. Do mesmo modo, as pessoas mais felizes não dão tanta importância para o seu desempenho, pois acreditam que vale a pena sacrificar um certo grau de realização para não ter que se preocupar com coisas pequenas.

* Eu torço por você:
Comemorar o sucesso dos amigos pode te fazer mais feliz do que conquistar os seus próprios. Pesquisa feita pela psicóloga Shelly Gable (Universidade da Califórnia) revelou que quando parceiros românticos falham em dar importância ao sucesso do outro, o casal tem mais chances de se separar. Em compensação, quando comemoram as realizações uns dos outros, eles tendem a ficar mais satisfeitos e compromissados com o relacionamento, desfrutando de mais amor e felicidade.
Entre amigos, conversar sobre uma experiência positiva muda a memória daquele evento, nos sentimos mais felizes ao ouvir relatos de sucesso.
Pode ser difícil compartilhar a alegria e a realização dos outros sem sentir inveja. Mandar flores a uma amiga que se recupera de uma cirurgia pode ser generosidade, porém oferecer o mesmo buquê quando ela se formar em Medicina gera mais satisfação para ela e, principalmente, para você.

* Sentimentos negativos a mostra:
Admitir sentir raiva ou inveja pode nos tornar mais flexíveis, e a habilidade em mudar nosso estado mental é fundamental para o bem-estar. Pessoas felizes não escondem seus sentimentos negativos, reconhecem que a vida é cheia de decepções, usam de sua raiva para se defender e de sua culpa como motivador para mudar seu próprio comportamento - é a chamada 'flexibilidade psicológica'. A habilidade de mudar o estado mental de acordo com a circunstância é um aspecto fundamental para o bem-estar.
O psicólogo George Bonanno (Columbia University) descobriu que, após o 11 de setembro, as pessoas mais flexíveis que moravam em Nova York quando os ataques aconteceram (aquelas que sentiam raiva de vez em quando, mas que também escondiam sua emoção quando necessário) se recuperaram mais rápido e desfrutaram de melhor saúde mental do que as que não souberam se adaptar.
Aprender a lidar com o desconforto emocional é algo que se faz aos poucos, a capacidade de tolerar emoções negativas aumenta com o tempo.

* Encurtando a curtição:
Prive-se dos prazeres imediatos, as pessoas mais felizes têm metas longas e definidas. Pessoas felizes se permitem certas atividades momentâneas que são gratificantes, tipo faltar na academia para assistir a um programa especial na TV. Mas se concentrar principalmente no que lhe dá prazer instantâneo pode fazer com que perca os benefícios de ter uma meta definida. Objetivos nos levam a correr riscos e fazer mudanças, mesmo frente à privação e ao sacrifício da felicidade a curto prazo.
Michael Steger e seus colegas da Colorado State mostraram que, no geral, pessoas mais felizes tendem a sacrificar mais os prazeres a curto prazo quando existe uma boa oportunidade de progredir em direção ao que elas desejam ter na vida.
Pesquisa do neurocientista Richard Davidson (Universidade de Wisconsin) revelou que progredir na realização dos nossos objetivos nos faz sentirmos mais envolvidos e nos ajuda a tolerar sentimentos negativos que podem surgir neste percurso. Pessoas mais felizes conseguem combinar aquilo que mais gostam com uma vida de objetivos e satisfação.


* A Felicidade em Números:

 > 0,98m é a distância de casa, em metros, em que os tweets das pessoas começam a expressar menos felicidade (aproximadamente a distância de casa para o trabalho para quem mora relativamente perto). 

> 40% de nossa capacidade de ser feliz está ligada ao poder de mudança, de acordo com a pesquisadora da Universidade da Califórnia, Riverside, Sonja Lyubomirsky. 

> 85 é o número de residentes em cada 100 que dizem ter sentimentos positivos no Panamá e no Paraguai, países mais positivos no mundo. 
> Para 1/5 da população dos Estados Unidos a sensação de felicidade não é afetada pelas flutuações de igualdade de renda do país graças à sua condição financeira. 


Fonte: Revista Galileu

 

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