sexta-feira, 4 de abril de 2014

Obesidade Infantil

Foi-se o tempo que um bebê fofinho e cheio de dobrinhas era sinônimo de criança saudável - que nossas avós não nos ouçam.
Hoje sabemos que a obesidade é uma doença que pode acarretar diversos outros males, como diabetes e hipertensão.
Pesquisa do pediatra Mauro Fisberg, da Universidade Federal de São Paulo, mostra que 22% das crianças entre dois e cinco anos estão com sobrepeso (mais do que nos Estados Unidos, considerado o país mais gordo do mundo), e 6% delas já são consideradas obesas. E é grande o índice de crianças obesas que se tornam adultos obesos.


 
O documento "Obesidade na Infância e Adolescência: Manual de Orientação do Departamento Científico de Nutrologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria)" relata que os mil primeiros dias do bebê (incluídos a gestação) é uma fase decisiva para o desenvolvimento da obesidade.
O "Estudo Nutriplanet Danone Baby Nutrition – Revisão Sistemática da Literatura Científica sobre o Contexto Alimentar e Nutricional de Gestantes, Lactantes, Lactentes e Primeira Infância", de 2012, revelou que 31% das grávidas brasileiras são obesas e se alimentam a base de carboidratos, proteínas e sódio, deixando de lado a ingestão de fibras, cálcio, ferro e outros grupos alimentares.

Engravidar com sobrepeso ou engordar demais durante a gestação faz com que a mulher dê à luz bebês mais gordinhos, o que pode persistir até por volta dos quatro ou cinco anos de vida da criança. Os hábitos alimentares da mãe (bons e maus) influenciam o bebê desde o útero: ao consumir o líquido amniótico para desenvolver o trato gastrointestinal, o feto acostuma-se aos diferentes sabores consumidos pela mãe. E aí começa a se desenvolver o paladar infantil. Por isso, quanto mais saudável e variado o cardápio da mãe, melhor para a saúde de ambos.

O leite materno tem todos os nutrientes necessários para os seis primeiros meses de vida do bebê mas, se  ele está engordando demais só com as mamadas, é bom analisar a dieta da mãe, que pode estar consumindo muito açúcar a ponto de comprometer a composição do leite, alerta Fabíola Suano, pediatra membro do Comitê de Nutrologia da SBP e uma das autoras do manual citado acima.

Ute Alexy, pesquisadora da Universidade de Born, na Alemanha, atesta que crianças alimentadas com fórmulas nos seis primeiros meses ingerem 1,6 vez mais proteínas por quilo de peso dos que as alimentadas no peito. E ao ingerir mais proteína do que o necessário, pode acontecer o aumento da secreção de insulina, contribuindo para o armazenamento de células gordurosas. Sem falar que mamar no seio exige mais esforço da criança, enquanto que na mamadeira ela pode acabar ingerindo mais do que precisa, pois a sucção é mais fácil.

Ao ser introduzida a alimentação sólida, a partir dos seis meses de vida, e durante a primeira infância, é necessária a orientação de um pediatra, pois a criança tem necessidades nutricionais diferentes por estar em fase de crescimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), neste período ela dobra de tamanho e o peso aumenta cinco vezes. Nesta fase, é indicado não adicionar sal e outros temperos, principalmente os industrializados. E óleo vegetal, se for o caso,  só no final do preparo do alimento (ao ser usado para refogar ele se transforma em gordura trans, que colabora com um ganho de peso não saudável).


Dicas para hábitos alimentares saudáveis:
* Crie um ambiente tranquilo na hora das refeições, sem televisão, para que a criança saboreie os alimentos e não se distraia comendo demais.
* Não oferecer sucos e outros líquidos durante as refeições, principalmente os gasosos. Eles causam distensão gástrica e aumentam a capacidade de ingestão de comida.
* Nada de engrossar o leite com farinhas e outros produtos - fornecem mais calorias do que a criança precisa. E evite adoçar o leite até os 11 meses de vida.
* No caso de sobremesa, evite as lácteas por um período de uma hora após a refeição. O cálcio interage com o ferro da comida e prejudica a absorção de ambos no organismo.
* Em vez de salgadinhos de pacote (fonte de sódio e gorduras), prefira pipoca feita em casa, com óleo de soja. E nada de deixar o saleiro à mesa.
* Dê preferência aos alimentos integrais, ricos em fibras que facilitam o trânsito intestinal e ainda criam uma barreira que dificulta a absorção de açúcar e gordura.
* A partir dos dois anos, substitua o leite integral e seus derivados pelos de baixo teor de gordura.
* Reserve um tempo para fazer caminhadas e atividades ao ar livre, como andar de bicicleta. Também controle o tempo que a criança está inativa, assistindo TV ou no videogame - duas horas por dia é um bom período.
* Variedade no cardápio é fundamental, ofereça alimentos novos, capriche num visual atraente, teste cada um em diferentes tipos de preparo. Mas lembre-se: de nada adianta querer que a criança coma legumes, verduras e frutas se o restante da família só se alimenta de carboidratos, por exemplo. Cada alimento deve ser apresentado pelo menos por 10 vezes, de preferência em diferentes formas, para só então ser taxado como não aceito.


Fonte: Portal UOL
 

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