A jornalista Cecília Ritto, da revista Veja, fez uma matéria sobre um grupo de escolas estaduais de São Paulo que adotou o turno integral como caminho para sacudir e incrementar a rotina escolar.
Hoje, o estudante brasileiro passa, em média, quatro horas e meia por dia na escola - três horas a menos que um aluno americano ou europeu. Descontando as pausas do recreio e outras dispersões, o
período de aprendizado fica ainda mais comprometido.
Na tentativa de reverter esse quadro desfavorável, 182 escolas estaduais de São Paulo estão experimentando o turno integral, onde crianças e adolescentes permanecem em atividades das 7:30h às 17h. Eles podem escolher entre vários cursos que combinem duas ou mais matérias em experimentos que ajudam a sedimentar os conceitos do currículo escolar.
Um dos cursos que mais despertam interesse é o "CSI" (uma alusão ao seriado americano Crime Scene Investigation, um baita sucesso, e que retrata o cotidiano de investigadores judiciais), que interlaça a matemática, a física e a química para elucidar crimes hipotéticos. "O tempo que ganhamos se traduziu em um ensino menos abstrato e mais conectado à vida dos estudantes", avalia Maria de Fátima Rizzo, diretora de uma das escolas.
Passado o susto inicial pela carga horária expandida, os estudantes aprovam com gosto esse formato de escola mais vibrante e sintonizada com a curiosidade característica dos jovens.
Essas escolas buscam atender o aluno de uma forma personalizada, onde cada um traça seu projeto de vida, através de suas aspirações e aptidões. Neste processo, é acompanhado e orientado por um "tutor", profissional que ajuda os estudantes a escolher as disciplinas com as quais tem mais afinidade e interesse. Para desempenharem a função, os professores passam por um treinamento de seis meses, em regime de dedicação exclusiva.
Apenas 4% das escolas brasileiras de ensino médio funcionam hoje em regime integral.
O modelo começou a ser implantado em Pernambuco, há 10 anos atrás, quando um grupo de empresários se interessou por incutir uma cultura de gestão mais moderna nos assuntos escolares, além de contribuir com dinheiro para o êxito do projeto. O resultado deste investimento é que, atualmente, 50% das escolas funcionam em turno integral e dispararam nas notas de avaliação.
Em São Paulo já se percebe a diferença: nas escolas onde o modelo foi adotado as notas de 2013 progrediram 22% (enquanto que o restante da rede de ensino não sofreu alteração).
Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE), a meta do governo federal é, daqui a 10 anos, ter metade dos estudantes brasileiros em turno integral. No ano passado foi lançado um programa para canalizar recursos às redes públicas interessadas em ampliar a jornada escolar. Cabe a cada rede apresentar o seu projeto para promover tão indispensável avanço.
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