Ortorexia ... você já ouviu falar?
É um transtorno alimentar ainda pouco divulgado, mas que vem preocupando os especialistas. Surge quando a pessoa se torna obsessiva quanto aos padrões daquilo que come, fixando-se exclusivamente na alimentação saudável, sem químicas, agrotóxicos ou aditivos.
O termo foi usado pela primeira vez pelo médico americano Steven Bratman que, em 2001, após observar episódios constantes de pessoas com problema, lançou o livro "Health Food Junkies" (algo como Viciados em Alimentação Saudável).
Você pode se perguntar: mas essa alimentação natural não é a mais recomendada?
Não da forma e na intensidade com que os ortoréxicos se comportam. A alimentação saudável não deve se restringir a certos grupos alimentares, deve ser balanceada e ter os nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo.
Na ortorexia a pessoa fica tão obcecada com o que come que todos os seus pensamentos voltam-se apenas para a dieta, e não se permitem, de forma alguma, nem um pequeno desvio dos alimentos "autorizados". Permitem-se apenas alimentos saudáveis, e vasculham em pormenores o valor nutricional de cada elemento que ingerem. Calorias, nutrientes e vitaminas - só isso é levado em consideração ao compor o cardápio, e qualquer coisa que não está nessa "lista permitida" não é consumida.
Segundo a nutricionista Lanuzza Meireles, do Hospital Anchieta, no Distrito Federal, o ortorexia também é caracterizada pela obsessão em conhecer a origem dos alimentos, como foram plantados e colhidos, os processos até chegar ao consumidor, contar as calorias e ler o rótulo de cima a baixo - tudo isso são indícios de que os hábitos alimentares podem estar fora do controle. Desta forma, as opções ficam cada vez mais restritas, comprometendo o funcionamento do organismo. "Normalmente, quando a pessoa não sabe a origem do produto, deixa de comê-lo. Pode haver, inclusive, a curiosidade em saber o sexo da animal que foi servido. A resposta influenciará na recusa da comida", afirma Lanuzza.
Geralmente essas pessoas excluem grupos como carnes, laticínios, gorduras e carboidratos, e não fazem a substituição adequada, o que pode levar a carências nutricionais. Assim, anemia e osteoporose podem ser algumas das consequências desse distúrbio a longo prazo, potencializadas pela perda de peso acentuada. "Há grande necessidade no corpo de vitaminas e minerais, principalmente o ferro e o cálcio. Sem eles, existe um comprometimento da saúde do indivíduo", explica a nutricionista Lanuzza.
O transtorno também prejudica as relações sociais. Jantares fora de casa, reuniões e eventos se tornam um problema, pois nessas ocasiões há um risco maior de "quebrar as regras". Pode haver um isolamento porque o fascínio pela dieta saudável torna-se o centro da vida da pessoa, que acredita estar fazendo as escolhas certas.
Segundo a nutróloga Maria Del Rosario, diretora científica do Departamento de Transtornos do Comportamento Alimentar da Associação Brasileira de Nutrologia, para tratar um ortoréxico é feito um histórico alimentar do paciente para identificar as carências nutricionais, observa-se se há unhas quebradiças e queda de cabelo e, deste modo, identificar os problemas que a má alimentação trouxe ao organismo. Pode ser recomendada a suplementação e adequação da dieta e, em casos mais complexos, até o encaminhamento ao psicólogo e/ou psiquiatra.
Para evitar o transtorno alimentar é recomendado o bom senso na ingestão dos alimentos, compor um cardápio balanceado e variado, contendo porções dos diversos grupos alimentares necessários à saúde, e não ficar restrito (e muito menos obcecado) apenas a este ou aquele tipo de alimento. Em caso de dúvida, procure um especialista para esclarecer quais benefícios de cada alimento e de que forma montar um cardápio adequado para as necessidades de uma vida realmente saudável.
Fonte: alimentacaosaudavel.org/ Revista Donna
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