quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Workaholic X Worklover

Especialistas dizem que a diferença entre o workaholic e o worklover é a ausência de paixão na atividade no primeiro e a falta de vício no segundo. Ambos pecam pelo excesso, mas por motivos diferentes.
Trabalho fora do expediente, tarefas em demasia, compromissos familiares desmarcados, atividades de lazer adiadas ... sinais inevitáveis dos dias atuais.



O termo worklover surgiu em 2004, conceituado pelo psicólogo social Wanderley Codo (que pesquisa o envolvimento das pessoas com o trabalho desde a década de 1980), para se contrapor ao termo workaholic, porque muitas pessoas chamavam de viciados qualquer pessoa que gostasse de trabalhar.

O termo workaholic já ganhou nome e número no catálogo de doenças psiquiátricas, são casos de pessoas que podem desenvolver problemas físicos e de esgotamento, pois trata-se de um vício como o álcool  e outras drogas. É comum sentir dor, chega-se ao limite, também chamada de Síndrome de Burnout (distúrbio psíquico que se desenvolve a partir da fadiga física e mental, com intervalos curtos de recuperação, como o descanso e o sono).

As relações de trabalho mudaram demais no século 21. "A tendência é de que os worklovers aumentem muito, porque o trabalho está cada vez mais interessante. As pessoas reinventaram seus trabalhos, cresce o número de autônomos e a informática ajudou a deixar tudo mais divertido. Isso, mais do que uma geração, foi o responsável por ter mudado muito o conceito de trabalho",  avalia Codo, que é professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB).



Especialistas divergem quanto aos efeitos do excesso no organismo, independente do sentimento envolvido, mas concordam que, quanto mais significado o trabalho tiver pra pessoa, maior será o prazer.
Muita coisa tem mudado ... para a Geração Y (de 23 a 33 anos hoje), por exemplo, o conceito de carreira é outro, prezam pelo equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, pela satisfação social, pela liberdade.

Os workaholics tem mais dificuldades em lidar com a pressão, são estressados demais, e podem desenvolver problemas de memória e doenças cardíacas. Mas os worklovers também não estão imunes às consequências de quem trabalha demais, como a cobrança da família por mais atenção, falta de tempo para atividades de lazer, dificuldades de relacionamento, etc.

Para o psiquiatra Renato Piltcher, o trabalho também é uma forma de defesa psíquica. "Pode ser que uma pessoa com satisfação em trabalhar 10, 12 horas esteja fugindo de determinadas dores da consciência de ser humano, como a finitude, a passagem do tempo, a ameaça de perder quem se ama. Questões interiores pressionam a busca por uma ideia de segurança para aliviar a dor psíquica", avalia Piltcher.



Pessoas com perfil mais flexível, dinâmicas, entusiasmadas com a vida e com facilidade de relacionamento estão mais propensas a se transformarem em worklover. Segundo Piltcher, "gostar do que faz está dentro das coisas mais saudáveis do que diz respeito a trabalhar em qualquer quantidade. Apesar de o workaholic ter mais chances de adoecer por trabalhar muito, seja o corpo ou a mente, o worklover também pode ter problemas".

* Características do worklover: trabalha por paixão, com alegria e tem maior produtividade; a remuneração não é o mais importante; comemora e compartilha as conquistas; estresse moderado; tem vida social.

* Características do workaholic: é obsessivo, competitivo e desorganizado; a remuneração vale mais do que o prazer; o trabalho é um fardo pesado; considera as vitórias sua obrigação; vida social em baixa; alto nível de estresse; a pessoa foge da vida dela pelo trabalho.

O médico Marcelo Dratcu vem trabalhando com um problema muito visto nas empresas, e que pode ser um efeito colateral dos workaholics: o presenteísmo. É caracterizado pelas pessoas que estão ali muitas horas por dia, cumprindo tabela, mas que deixaram de produzir. Infelizes e desorganizadas, acabam tendo baixa performance e causando perdas financeiras para a empresa - geralmente são workaholics que não buscaram uma orientação e/ou diagnóstico.



 



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