quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Fobias e Genética

Através de uma experiência onde ratos associavam o odor da flor de cerejeira a choques elétricos, foi notado que, depois que os animais se reproduziam, duas gerações de crias demonstraram ter medo daquele mesmo cheiro. Os pesquisadores da Universidade Emory, em Atlanta, concluíram então, que uma situação que cause algum tipo de trauma não só provoca alterações estruturais no cérebro, como também provoca mudanças genéticas no DNA.



A descoberta indica que algumas informações e experiências podem ser transmitidas aos descendentes também de forma biológica, e não apenas através da linguagem ou da vivência pessoal. Esse mecanismo da transmissão genética da memória, se comprovado também para os seres humanos, será de grande valor para áreas como a neuropsiquiatria. Assim como existe a possibilidade de herdar uma doença genética (como o câncer, por exemplo), existiria também a chance de receber dos ancestrais as inclinações para patologias psiquiátricas, como as fobias, a ansiedade, e o transtorno de estresse pós-traumático.

Brian Dias, um dos autores do artigo publicado na Nature Neuroscience, afirma que experiências antigas de nossos pais podem influenciar a estrutura e o funcionamento de nosso sistema nervoso. Quem tem pavor de aranhas, por exemplo, pode ter sido influenciado por algum encontro dramático de um ancestral com um aracnídeo - neste caso, a fobia se manifesta como um mecanismo de defesa armazenado nos genes. “Nós começamos a explorar uma influência pouco valorizada no comportamento de adultos – a experiência ancestral anterior à concepção”, conclui Dias.

Partindo destas experimentações, os pesquisadores querem aprofundar os trabalhos para entender melhor como a informação se aloja no genoma, e investigar se o processo se repete também em seres humanos.

Fonte: Revista Galileu

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