Nestes tempos modernos, dias e noites já não são os mesmos. O organismo humano evoluiu para funcionar em sincronia com o ciclo solar: luz de dia e escuridão à noite. O padrão era dormir com as galinhas e acordar com o canto dos galos.
Com a luz elétrica tudo se transformou. Nas horas que nossos antepassados passavam ao ar livre, nós permanecemos sob a iluminação artificial dos escritórios. Quando anoitecia eles iam pra cama, e nós continuamos despertos, debaixo de lâmpadas e fontes de luz como TVs e computadores. Como todas as funções biológicas do organismo são controladas pela ausência ou presença da luz, há uma disfunção geral do indivíduo.
Ficar exposto à luz artificial à noite reduz o tempo que passamos dormindo, e dormir pouco faz mal à saúde. Foi só nos anos 90 que pesquisadores descobriram na retina um receptor, a melanopsina, cuja função não é fazer ver, mas detectar a luz e informar ao nosso relógio biológico se é dia ou é noite. Esse mecanismo interno funciona em um ciclo de pouco mais de 24 horas, o ritmo circadiano. E é a luz detectada pelos fotorreceptores que o mantém ajustado, levando cada órgão do corpo a cumprir suas tarefas na hora certa. Se não recebemos luz suficiente de dia ou ficamos expostos a iluminação à noite, nosso relógio dá pane. E há uma variedade de estudos indicando que isso pode levar a doenças.
" Quando nos expomos à noite, o ritmo circadiano fica desregulado, o que está relacionado a desordens de humor, defeitos no metabolismo e certos tipos de câncer. É aconselhável evitar luz intensa antes de dormir", diz a neurocientista americana Tracy Bedrosian.
A recomendação é aproximar-se do passado, mantendo poucas lâmpadas acesas e cortar os eletrônicos à noite. A luz azul das telas é captada pelo corpo como os raios de sol, dizendo "desperte" para um corpo que precisa descansar. Outra recomendação, de fundamental importância, é receber luz solar nos momentos certos do ciclo.
Os mais jovens (pelo excesso) e os idosos (pela escassez) estão sujeitos a pagar um preço pelo padrão de exposição à luz. Uma pesquisa feita com 1,3 mil estudantes de Farroupilha (RS) observou que os alunos 'vespertinos' (que tendem a acordar mais tarde) têm rendimento escolar inferior aos 'matutinos', não importando o turno da aula. Enquanto os matutinos gostam de ocupar o tempo com esportes, mais da metade dos vespertinos relata o uso noturno da internet.
No caso dos idosos, o desgaste dos olhos limita a luz que alcança os fotorreceptores na retina. Para receber a quantidade certa, eles precisam de um tempo maior de exposição solar. Mas geralmente ocorre o contrário, pois os idosos tendem a sair menos pra rua. E as consequências são distúrbios do sono, estados de depressão e queda na imunidade. Um estudo com idosos japoneses que tinham catarata (condição que bloqueia a luz do sol) mostrou que, depois de operados, eles apresentavam ganhos na visão, no humor e no raciocínio.
Dicas para colocar a luz a favor da saúde:
* Abra as janelas ao amanhecer para a entrada da luz natural, isso sinaliza para o organismo que o dia começou.
* Pela manhã, caminhe de 30 minutos a uma hora para receber a luz do sol.
* Dê preferência ao uso matutino de equipamentos eletrônicos.
* Idosos devem receber muita luz, natural e artificial, porque absorvem menos luminosidade do que os mais novos.
* No trabalho, prefira ficar perto da janela e, de preferência, mantenha aberta.
* À noite, mantenha poucas lâmpadas acesas, e dê preferência ao uso de abajur.
* Duas horas antes de dormir fuja dos eletrônicos (tablets, TVs, computadores, smartphones).
* Durma em quarto escuro.
* Ao dirigir à noite, faça paradas e se exponha a uma fonte de luz intensa, para espantar o sono.
* Instale o programa f.lux, que reduz a intensidade e modifica a cor da luz de smartphones, tablets e computadores.
Fonte: Caderno Sua Vida/ Jornal Zero Hora
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